25/08/2009

Às lagrimas do meu amigo...

Desilusão
Se eu tivesse pressentido quanta dor teria
Não teria seguido os teus passos Maria
Perdendo o meu pobre tempo, que melhor merecia
Rogando-te por um amor que não teria
Perdi noites e dias
Aos dicionários e romances de amor
Às novelas e poemas de amor
Querendo-te ter o mais rápido que podia
Fiz-me de arquitecto desta má lembrança
Peguei numa folha, régua e mais
E projectei uma obra grande de mais
Cromada de amor e muita esperança
Fiz-me de pedreiro, enquanto padeiro
De pedra em pedra fui erguendo esta dor
E num piscar de olhos preferiste o galinheiro
Deixando-me solitário e com tanta dor.
Vidal Vicente

Último juízo

No banco dos réus
rumo aos céus,
meu desejo
lá, eu estava em último juízo

O que fizeste na terra?
- Logo ao sair chorei
o povo da aldeia comigo rimava,
chorava
ao jazer dos homens na floresta
fui crescendo envoltado no mar de luto
onde o saber era parar almas
onde os tímpanos
fechavam pelo cantar das armas
fui crescendo
às famas e infâmias
à manta da vida puxando,
robando e matando

Mais tarde do sonambulismo despertei
ao bom caminho olhei e caminhei
às pegadas de Cristo segui
fui doando amor por todos que conheci
chorando, rezando por todos tristes e pobres que vi
chorando por mim que nada em sonho consegui
dos amigos que perdi
vivos e mortos
(...)
- Perdão!

Vidal Vicente

Aquilo

Tão romãntica e sexe aparecia
comigo aquecia, mexia
encostava-me o seu corpo quente
acarreciava-me,
beijava-me fortemente
mas não dizia o que ela queria

Poemas declamava
mas nada declarava
as vestes puxava
e em seus músculos me espelhava
mas não dizia o que ela queria

Em minhas mãos pegava
pelos seus seios passava
fazia delas sua toalha
descia, descia, descia...
o meu corpo aquecia
e ela descia, descia...
minhas mãos em seu corpo
mas nào dizia o que ela queria

E eu tremia, tremia, tremia...
Coração fortemente batia, batia...
já não controlava a emoção
não precisava de ajuda na condução
porque já sabia o que ela queria
- Aquilo!
Vidal Vicente