Ao Adérito Magumane
Malala infana wa DuananeU cigula gumaso u cihonetela
O peito pesa-me
A garganta atiça, não consigo cuspir
Só tenho vontade de me despir
Para que o mundo chame-me de louco
Até porque já o sou
Que homem sou, se não posso falar?
Que homem sou, se não posso cuspir?
Vivo num sítio
Num hospício
Onde a mente anda acorrentada
A boca cadeada
Até o menino encravado, nada pode fazer
Se o que quero não posso dizer
No malala
Nicthi gula ngu maso nicihonetela
Ditiko da changa
Coisas lindas escasseiam
Homens andam carregados de estranhos na alma
Trocaram Cristo pelo eu
Queimaram a Bíblia nas mãos do Padre
Aos domingos carregam cruzes na face
Deitam lágrimas hipócritas
Sorrisos de prostitutas
Almas cheias de veneno
Recebem o corpo e o sangue de Cristo
Na saída da porta da igreja, vestem os fatos da imundice
Mudam de rosto aos punhos da imundice
Talemela. Natilava kumalala
Kanitikote
Uns enrolam a suruma em evangelho
Ainda dizem que hoje, é em São João,
Ontem, foi em São Mateus
Amanhã, será em São Paulo,
Até porque este foi nosso…
Na igreja para ser acólito vai-se ao curandeiro
Domar primeiro o catequista, o padre/ o pastor
E saltar para o altar com cara de santo
E subir…
No serviço não se fala…
A cadeira virou caldeirão
Os burros mandam
E os cabeças murmurram para as paredes
(...)
Malala infana wa Duanane
31/08/2009
Vidal Vicente Come
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