Toca tambor,
Toca!
Nem das mãos dos velhos tocadores
Tambor não toca
Nem nas pacatas vitórias da pobreza
Nem das mãos de Nwakilambo, Faquir, João...
Dos Craverinhas, dos Sócrates
Nem das minhas, das tuas mãos
O tambor não toca
Nem há espaço para a troca.
O pássaro já não canta na aurora do dia
E nós continuamos tão cegos como ontem
Seguindo os trilhos de uma só estrela – a estrela de um só...
Nem a misteriosa ave aparece
Para encher nossas panças pálidas de fome e de esperança
Para anunciar as fieis colheitas do milho
Já envenenado pelos dois que seguiram Cristo na cruz
E o tambor não toca para as nossas atrofiadas vontades.
Toca tambor, tambor não toca
Nem para mim, nem para ti tambor toca
Se a ti toca, não te enche a alma
Se te enche, é de melancolia.
Nem o galo voa, cortaram as asas
Nem o Galo uiva, cortaram o bico – ficou mudo
Que fariam as formigas (?) – surdas
Debandarem aos sussurros.
O Milho cheira à pólvora
Amanhã não sei o que será dos meus irmãos
Se já andam envelhecidos pelo jejum da vida inteira
Se já perderam as ancas na esteira da esperança.
Mãos cansadas de dedilhar o mesmo milho
Dividem pelos bolsos os grãos do milho
Desterraram a esperança já oca da gente
Venderam as baquetes dos tambores do povo
Por banquetes familiares
E as lágrimas da malta vão-se perpetuando
Nesta esperança que já não impera
E menos se espera neste holocausto mental
Última esperança que nos resta
É o regresso do filho do Homem.
30/09/09
Vidal Vicente Come
06/10/2009
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